Quando a vida me obrigou a parar. Pensei que tudo bem, até que uma pausa me fazia falta. Imaginei que fossem dias de não fazer nada. Comer muito. Passar o tempo todo na cama a ver séries. Mas não. Obriguei-me a manter a rotina. Deitar a horas. Levantar cedo. Foram dias muito produtivos. Entreguei-me à leitura de livros e estudos que fazia algum tempo se foram acumulando em pilhas na secretária. É curioso como a vida por vezes nos lança respostas a assuntos já resolvidos. Passo a explicar porque. Todos sabem que a mente humana é um dos meus objetos de estudo. Nomeadamente a psicologia e a neurologia. E por vezes não consigo ser só amiga, filha, irmão, ou colega. Sou isso tudo e mais um pouco, quando involuntariamente começo a analisar o comportamento, o que foi dito e porquê. Não o faço por mal. Agora vamos ao que queria eu dizer quando comecei a escrever este artigo.

Numa dessas leituras deparei-me com o estudo feito pela Carol Dweck, psicóloga, que concluiu o seguinte, e passo a citar:

As pessoas que tem uma atitude de crescimento têm tendência para ser especialmente bem-sucedidas. São pessoas que transformam os contratempos em oportunidades. Em vez de fugirem aos problemas, sentem-se mais motivadas quando deparam com uma coisa que não conseguem resolver imediatamente.

Carol Dweck

Ora o que quer isto dizer?

É muito simples, quando uma pessoa começa uma atividade, a satisfação que sente não depende tanto do resultado (ser bem sucedido) mas do caminho percorrido. E por vezes, quanto mais difícil é o caminho, melhor se sentem, maior é a satisfação que experimentam por terem persistido quando teria sido mais fácil desistir. Mais orgulho sentem por não terem desistido, mesmo que não consigam alcançar o que pretendiam.

E é precisamente aqui que entra uma das minhas melhores amigas. Há já algum tempo que tenta alcançar um novo patamar a nível profissional, e conhecendo quase todo o percurso que ela foi fazendo, o trabalho, o esforço, para não falar do desgaste, chega ao fim do tempo estipulado e não consegue o que tanto queria. Estão a ver o estado de espírito em que estava. A desmotivação era total. E o que podia eu fazer. Falar. E estar presente. Lembro-me um dia ter ido buscá-la ao trabalho para tomarmos um café. Eu disse-lhe, que “o que vem fácil, também vai fácil, não tem o mesmo sabor se não der trabalho a ser conquistado. Já pensaste no que leva certas pessoas a quererem subir ao Evereste, mesmo que morram congeladas? Ou correr uma maratona e chegar ao fim com vontade de vomitar? É o orgulho em si próprias, a sensação de vitória. Mesmo que não ganhem a maratona, nem cheguem ao topo da montanha, sentem-se bem por terem tentado, por mais que custe, continuam a querer chegar à meta. Apesar da fadiga. Apesar das dores. Apesar das dificuldades.”

Passaram seis meses, e embora ela ainda não ter conseguido o cargo que quer, a atitude dela mudou. E, tenho um orgulho enorme dela, e em mim. Pois vejamos, naquele dia dei-lhe um ótimo conselho, que a Dra Carol Dweck veio confirmar. O que prova duas coisas. Uma é que, quando se tem esta atitude de crescimento, os erros deixam de ter importância – são apenas uma estratégia para se alcançar os objetivos. Outra é que ainda valho qualquer coisa como psicóloga.

Cristina R

Atitude de Crescimento

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